Em “Um Método Perigoso”, temos acesso à relação entre Carl Jung e Sigmund Freud durante o período em que tentavam dar vida aquilo que hoje chamamos de psicanálise, através da interpretação de sonhos, das nossas reacções e daquilo que dizemos.
Entre estes dois génios movimenta-se Sabina Spielrein, uma jovem histérica com problemas psíquicos de natureza sexual. Sabina foi a primeira doente a ser curada através da psicanálise por Carl Jung, depois disso estudou medicina psiquiátrica e envolveu-se também ela na confirmação deste método.
Depois de curada Sabina Spielrein envolveu-se sentimentalmente com Carl Jung, que era casado com Emma e pai de duas filhas. A relação de Sabina e Carl era intensamente sadomasoquista mas ferozmente apaixonada.
Sigmund Freud e Carl Jung foram amigos durante cerca de sete anos, trocando cartas diárias acerca da sua pesquisa. No entanto, a ruptura entre eles deveu-se ao facto de Jung não aceitar a teoria de Freud - na qual este defendia que todos os distúrbios psíquicos se prendiam com a repressão de instintos sexuais – e Freud não concordar com a espiritualidade, coisa que Jung fazia.
Sabina Spielrein e Carl Jung não tiveram direito a um final feliz mas a última cena do filme deixou bem claro que o amor que os unia era intenso e correspondido de parte a parte.
“Um Método Perigoso” é um dos filmes que mais aguardava, e as expectativas altas que tinha não foram de todo defraudadas. David Cronenberg pretendeu abordar neste filme os impulsos mais profundos e os desejos mais negros do ser humano, mostrando o lado mais obscuro de três das maiores mentes do século XX. O elenco é sem dúvida um dos maiores trunfos do filme. Viggo Mortensen deu vida a um Sigmund Freud de uma autoridade notória; Michael Fassbender recriou um Carl Jung assombrado pelos seus sentimentos e desejos mais sombrios, ao mesmo tempo que ajudava os outros com o mesmo problema. Keira Knightley agraciou-nos com a sua melhor interpretação de sempre, ao encarnar Sabina Spielrein de uma forma tão intensa. As suas expressões faciais, os seus ataques de histerismo, os seus pasmos e a sua pronúncia inglesa com sotaque russo formaram uma composição brilhante (uma nomeação ao Oscar parece-me mais do que merecida, assim como Fassbender o merece).
R.Z.M.
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