sexta-feira, 2 de setembro de 2011

No Mundo das Mulheres

O amor acontece...


Acontece de tal modo que é fácil demais uma mulher ficar apaixonada por uns Christian Louboutin ou uns Charlotte Olympia.
Mas isso é porque são mulheres, faz parte calçar uns sapatos e jurar-lhes amor eterno, ou mesmo sentir borboletas a rodopiar no estômago quando entram numa loja ou quando tocam numa peça da mais pura caxemira ou ainda quando um vestido cai tão bem que quase pinta o corpo, era assim que pensava Rebecca Bloomwood em "Confessions of a Shopaholic" e acabou sufocada em dívidas.
Já Carie Bradshaw, a nova-iorquina encantadora de sapatos sempre teve o seu "ganha pão" para manter todos os Manolo e Dior: falar sobre Amor... "Love is all around you" e prova disso foi que muitas voltas e cambalhotas, muitas lágrimas e gargalhadas, muitos sapatos e melodramas e muitos, muitos episódios depois, Carie e Big juraram amor eterno.
Mas calminha aí Big, na vida das mulheres há um espacinho que vai sempre "amar até que a morte nos separe" com a maior facilidade do mundo o nosso guarda-roupa. Há que dividir o mal pelas aldeias - Homens e Roupa, e na Roupa já se considera incluído os sapatos; como ambos precisam de nós!... E o nosso lema é sempre o mesmo "Nem com eles nem sem eles!" (os homens complicados demais, os stilletos desnivelados demais que só nos fazem querer investir na empresa da Converse).
De facto, quando os homens dizem que devíamos vir com manual de instruções, e assim em retrospectiva e dando o braço a torcer, não somos assim tão fáceis. "Até era capaz de andar com X se não fosse Y.", li uma vez num artigo sobre o tema. Há sempre reclamações a fazer a uma parte da questão, aliás somos peritas nisso. Porque é que os sapatos são sempre perfeitos e os homens nunca o são? Mas será que existe a perfeição? Ou será que gostamos tanto de alguém que os defeitos acabam por ser aquilo que os torna especiais e tão diferentes dos outros?
Seja como for, o mundo complexo e inquieto das mulheres leva-nos sempre ao grande desafio: tentar modelar o sexo oposto como bem entendemos, caso contrário as reclamações não têm fim. "E as reclamações oscilavam entre o razoável (muitas vezes desejei que os meus namorados fossem mais cultos, tivessem melhor gosto musical ou que fossem mais simpáticos com as minhas amigas) e o absurdamente superficial (gostava que ele fosse ao ginásio, que usasse Jeans de uma boa marca ou que tivesse mais cabelo). Na altura, esses critérios pareciam-me aceitáveis mas, na verdade, eram exigências infantis inspiradas no eterno mito do Príncipe Encantado." (Elle magazine, Setembro 2011).
Os homens que não se preocupem, não somos dementes nem esquesitinhas, há uma resposta para o porquê de tais exigências dignas de contos de fadas! Sim! Há muitos culpados para este vício feminino, e essa culpa atribuímos a Jane Austen e William Shakespeare por escreverem romances incríveis em que os protagonistas desafiam a própria natureza por amor.
Mas a lista não fica por aqui... A culpa é do Seth Cohen (Adam Brody) por toda aquela espontaniedade e encanto natural, é do Noah (Ryan Gosgling) que escreve 365 cartas de amor a Allie (Rachel McAdams) mesmo que separados no "Diário da nossa Paixão".
Mas porque é que Vivian (Julia Roberts) consegue que Edward (Richard Gere) deixe de ser o "workaholic" que víamos e passe a fazer serenatas? Porque é que Holly Golightly (Audrey Hepburn) consegue que Paul Varjak (George Peppard) gaste o seu primeiro ordenado na joalharia Tiffany's? Porquê? Porque isto nunca existiu, mesmo as histórias verídicas têm um floreado tão típico da Sétima Arte: os close-up, a orquestra, e depois há sempre o Ewan McGregor a cantar a "Come what may". E as 365 cartas? Não existem! Um post-it no dia dos namorados talvez, mas esse número um tanto ao quanto absurdo não me parece.
Mas nós mulheres gostamos, aliás somos loucas por essas hipérboles cinematográficas e essas personagens fictícias; é isso que nos faz elevar as espectativas do Homem ideal, o verdadeiro "Prince Charming".
Ele realmente existe, um diferente para cada melhor (esperemos nós), sim, porque nós, ciumentas por natureza não posemos estar envolvidas em triângulos amorosos manhosos.
Somos peritas em tirar defeitos, já os homens quando têm a certeza que encontraram aquela a quem serve o sapatinho de cristal, aquela a quem vulgarmente chamamos "a tal", é raro fazerem, não porque não os temos, mas porque não conseguem apontar-nos. Assim, não podemos analisá-los como se fossem a quantidade de calorias que vamos ingerir numa refeição ou o filme que vamos alugar; não somos assim tão picuinhas girls!
Normalmente, eles aceitam-nos, a nós, o pacote completo, porque não fazer o mesmo? Quando os tentámos "domesticar", conseguimos e depois não gostamos e acaba por durar pouco. O mais sensato é aceitar os pequenos defeitos que até acabamos por gostar, porque são esses que os tornam diferentes dos outros milhões de testosterona que existem pelo Mundo fora.
E um conselho: NUNCA ACEITAR CONSELHOS DOS FILMES - é publicidade enganosa!


R.Z.M.

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